Buracos negros não existem, diz Stephen Hawking

Buracos negros não existem, diz Stephen Hawking

 (Foto: NASA HQ PHOTO/Flickr/Creative Commons)

Para o físico, teoria dos buracos negros entra em conflito com a quântica e a da relatividade; em sua nova proposição, buracos negros só retém matéria e energia temporariamente.

Poucos cientistas no mundo têm a credibilidade necessária pra ousar romper com um conceito tão consolidado, e Stephen Hawking é provavelmente um deles. Recentemente, ele publicou um estudo em que diz que o conceito chave dos buracos negros, que diz que nem matéria, nem luz podem escapar deles, não é compatível com a teoria quântica, um dos pilares da física moderna. De acordo com ele, se a teoria quântica e a teoria geral da relatividade, outro pilar da ciência contemporânea, estiverem corretos, a teoria dos buracos negros não se sustenta. Ou seja: tem alguma coisa errada. Na nova proposição de Hawking sobre buracos negros, eles só retém matéria e energia temporariamente.

Stephen Hawking tem autoridade pra contestar uma das teorias mais bem aceitas da física porque é ele um dos criadores das hipóteses modernas sobre buracos negros. “Na teoria clássica, nada escapa de um buraco negro. Mas na teoria quântica, energia e informação podem escapar”, disse ele.

Na verdade, buracos negros só poderiam ser explicados completamente de acordo com Hawkings com uma teoria que combinasse com sucesso a gravidade e outras forças fundamentais da natureza. A má notícia é que cientistas vêm tentando chegar em uma teoria assim há mais de um século, sem sucesso.

A nova teoria de Hawking mantém a mecânica quântica e a teoria da relatividade no lugar, mas propõe que buracos negros não tenham o ponto atualmente conhecido como “horizonte de eventos”, o ponto a partir do qual a gravidade é tão forte que nada mais escapa. Para ele, os arredores do buraco negro tem o espaço-tempo flutuando de maneira tão caótica que é impossível definir um ponto exato onde não haja mais volta para a matéria e a energia ao redor.

A revista Nature conversou com físicos que já trabalharam com Stephen Hawking. Raphael Bousso, um físico teórico da Universidad da Califórnia, disse à revista que a ideia de que não haja pontos dentro do buraco negro dos quais seja possível escapar é, de certa forma, muito radical. “Mas o fato de que ainda estejamos discutindo isso 40 anos depois de Hawking apresentar os primeiros estudos sobre buracos negros só mostra o quanto isso é importante”.